sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desanimo, moço!

Jayane . diz (23:33)
é isto q ta me agoniando agora: o q fazer com uma formação em medicina.
J. D. diz (23:34)
pesquisa
contraponto a industria farmaceutica
botar pra rolar a coisa clinica até
Jayane . diz (23:34)
falar com pessoas
J. D. diz (23:35)
médico não precisa ser o sujeito que cura
pode ser o sujeito que discute a cura
cura é coisa pra máquina
remédio
tratamento
J. D. diz (23:36)
médico é pra ajudar a lidar com o corpo
Jayane . diz (23:36)
gostei disso
J. D. diz (23:36)
se tem alguma função em ser médico só vejo isso
e já acho coisa demais
J. D. diz (23:37)
o resto é coisa pra tecnologia
assim como catar lixo é coisa pra tecnologia
ser gari é um desperdicio de humanidade
J. D. diz (23:38)
tudo que é automatico é desperdicio de humanidade
tudo que tem com eficiência essas coisas
não é pra gente
gente é errada, não é eficiente
J. D. diz (23:39)
gente cria, inventa, pensa
curia
voltando ao médico
J. D. diz (23:40)
médico não tem que curar, tem que curiar
e não dizer: ah vc tem isso, tome esse remédio e retorne daqui a tantos meses
vejo os cara fazendo isso sempre
tem solução pronta e vai jogando

Jayane . diz (23:46)
isso me animou
haha
J. D. diz (23:46)
caralho cê desanima com isso ..
Jayane . diz (23:46)
desanimo
J. D. diz (23:46)
véa, tem vida em todo canto
J. D. diz (23:47)
quem faz o troço é seu cortex

As férias e a depressão. Por Jayane Ribeiro.

Nas férias eu tenho tempo para soltar todos os meus demônios. Todos aqueles problemas que sempre estiveram lá. Todos os meus problemas estão aqui desde que nasci. E eles saem todos quando eu não tenho nada pra fazer. O destino do nada pra fazer só pode ser mesmo escrever livros. Sim, colocar demônios pra fora. Assim como colocar anjos. Ou uma coisa nova, totalmente desconhecida. Por isso, apesar da vontade de me matar, às vezes, meu grande sonho é não fazer nada e, assim como o Manoel de Barros, um dia ser vagabunda profissional. E sem me sentir culpada por isso.

Isso é um plano.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"O professor de História passou um trabalho em grupo. Quem não fizer vai ter que fazer uma prova de 10 questões. Eu prefiro fazer a prova."

(Minha irmã, há 4 dias na escola e ainda não falou com nenhum colega. E não tá nem aí. O que tinha no leite da mamãe?)

                                 
(Além da misantropia, nós duas combinamos em outra coisa)
Minha empadinha não ficou boa
E me deu uma vontade de chorar
Eu não segui direitinho a receita
Farinha, gema de ovo e manteiga
Nas proporções da minha intuição
Queijo, castanha, creme de leite
Em vez de carne de frango
Forno médio, vinte minutos
Em vez de trinta e cinco
E minha empadinha não ficou boa
E eu já quase choro porque
Ela cheira bem
Ela é bonita
Ela tem gosto bom
Mas não é boa
Não dá vontade de comer mais
É uma pena e me deixa sentida
Que minha empadinha não desperte desejo
Por isso que eu fico assim, olhos baixos
Com um monte de louça pra lavar, sozinha
E com fome

O que eu faço com todas essas empadinhas que sobraram?
As minhas empadinhas, que eu fiz tão cheia de intuição
Elas vão pro lixo
Tão bonito gente que acredita em Deus
Aquele Deus bonito, que trás e leva as coisas
Aquele Deus que fica no canto dele, olhando
O Deus que está na boca das crianças, que dizem:
"Foi Deus que levou a vovó"
E o Deus que as leva a brincar depois disso
Como todas as outras crianças
Um Deus que me leve
Que seja leve

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Travessia

Li o "Grande Sertão: Veredas". E a novela "Campo Geral", aquela do Miguilim, é melhor. Guimarães estava com Deus nos couros quando escreveu "Campo Geral".

Bem, o que me aconteceu em "Grande Sertão: Veredas"? Aconteceu que o livro tem um ritmo que não vou adjetivar, mas que foi assim, pra mim: as primeiras 100 páginas foram um sacrifício. Mesmo. Lia com dor, quis desistir, desisti várias vezes - e nisso eu passei mais de um ano. No que, levo essas 100 páginas lidas para Limoeiro do Norte. E lá, a mágica aconteceu. Com uma certa dorzinha adolescente em contrariar meu amado Bernardo Soares, eu mudei com a paisagem, assim como o livro. Virei a página e lá estava Riobaldo finalmente galopando nas matas de buritis, em vez de se rastejar pelas areias quentes dos sertões. Aí foi rápido: em 4 dias eu estava a 100 páginas do fim. E aí? Alegria total? Arranque final? Não. Aí o livro se tornou totalmente previsível. No que, com certa ironia, eu cito o próprio Guimarães, no exato "Grande Sertão": "o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".

E estaria tudo acabado... se o livro não fosse escrito por João Guimarães Rosa. O enredo já estava certo para mim (aliás, antes mesmo das 100 páginas finais), porém, ler Guimarães tem sido sempre uma desconstrução - da língua, do sentido, da História, de mim, de você. E é sempre uma sabedoria adivinhada em cada pedacinho de texto. Eu não gosto de religiões, condeno instituições e ignoro a existência de um Deus... mas tenho meus cultos. O texto de Guimarães Rosa é um dos meus cultos. E "Grande Sertão: Veredas" foi um grande encontro com os meus sagrados. Adoro palavras, letras. Gosto de comê-las com farinha de macaxeira e mel de abelha de jurema, debaixo de um pé de juá. "Grande Sertão:Veredas" chega é doce. (Mas o Miguilim é mais.)

Burrice

Eu tenho saudade é do seu cabelo
De boca, de mãos, nem sei se suas
Não te imagino falante e inteligente
Te quero calado e burro
Não me sinto culpada
E não tenho medo de pau murcho
Porque se não dá certo a gente sempre ri
E se dá certo, também

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Deixei meu corpo querer Diadorim; minha alma? Eu tinha recordação do cheiro dele. Mesmo no escuro, assim, eu tinha aquele fino das feições, que eu não podia divulgar, mas lembrava, referido, na fantasia da ideia. Diadorim - mesmo o bravo guerreiro - ele era para tanto carinho: minha repentina vontade era beijar aquele perfume no pescoço: a lá, aonde se acabava e remansava a dureza do queixo, do rosto... Beleza - o que é? E o senhor me jure! Beleza, o formato do rosto de um: e que para outro pode ser decreto, é, para destino destinar... E eu tinha de gostar tramadamente assim, de Diadorim, e calar qualquer palavra. Ele fosse uma mulher, e à-alta e desprezadora que sendo, eu me encorajava: no dizer paixão e no fazer - pegava, diminuía: ela no meio dos meus braços! Mas, dois guerreiros, como é, como iam poder se gostar, mesmo em singela conversação - por detrás de tantos brios e armas? Mais em antes se matar, em luta, um o outro. E tudo impossível."

(João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas. 592-593)

sábado, 21 de janeiro de 2012

A ideia do suicídio é um potente meio de conforto: com ela superamos muitas noites más.
(Friedrich Nietzsche)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Papai não tem dinheiro pra me pagar a Rose
Papai não tem dinheiro pra me pagar o Rosa
(Mas eu economizo do almoço e compro o Rosa mesmo assim)
Papai...
Você só trabalha e eu só gasto
E você ainda se orgulha de mim
Se orgulha de quê?
De eu dar um jeito de brigar com todas as pessoas?
Ou só de eu dar um jeito de brigar com você?
Você devia me dar uma surra
Uma grande surra
Que era isso que eu merecia
Só por ter nascido eu
Surras todos os dias
Trabalho pesado todos os dias
Pra eu não pensar nunca mais
Nunca mais
Nunca mais
Nunca mais

EU NÃO SOU DE LUTA

Camilla, concordo com você. Mesmo, mesmo, mesmo.
Você deve estar muito cansada.
Lutar, lutar, lutar e ver que não existem pessoas dispostas a fazer o mesmo que você fez todos esses anos para continuar o seu lutar, lutar, lutar... deve ser o mais cansativo (ou irritante).

Pois é. Não vou colocar aqui a desculpa de que não fui porque acordei tarde (de fato, acordei já 10 horas), porque quando eu quero sair pra namorar, eu coloco o despertador e chego no lugar beeeem cedinho. Não coloquei isso de namorar à toa. É que pra sair pra namorar eu tenho VONTADE. Pra ir participar da maioria das 'coisas' do C.A. eu não tenho. Então fica fácil arranjar desculpinhas ou me fazer de vítima, como eu já me fiz muitas vezes.

Camilla, Max e todas essas pessoas que tem vontade e ânimo de ir à luta diariamente... PARABÉNS, eu admiro vocês, mas eu não sou assim. Às vezes eu quero, às vezes não. Às vezes eu só quero ficar em casa com meus livros. 

Aí vocês dizem: "NÓS TAMBÉM, JAYANE! Mas nós não fazemos isso porque acreditamos em algo e blablabla".
Pois é exatamente nisso que eu não consigo acreditar. Eu não tenho certeza de nada que eu faço.
Eu não consigo fazer as coisas apenas pelo interesse comum, sem colocar o meu próprio interesse no saco. E não acho que isso seja sujo, feio ou ruim. Acho que NINGUÉM FAZ AS COISAS SÓ PELO INTERESSE COMUM.
Eu consigo ver as absurdidades do nosso mundo, claro que vejo. Mas eu quero viver, caramba! 

Tudo que eu quero é sentir que estou viva! E o meu "se sentir viva" nem é nada demais... Na maioria das vezes é só ler e escrever meus livrinhos. 

Sobre os calouros, não quero discutir nada com eles AGORA, porque eles simplesmente não estão nem aí e não acho que eles estão de parabéns nem que mereçam passar por (mais) 6 anos alienantes naquela faculdade. Tenho é pena dos bichinhos, todos animados com a universidade. E não é só porque é medicina. Qualquer curso é um caos. 

Ah, mas o papel do Centro Acadêmico... Pois é, a gente luta pelo que mesmo? São um milhão de problemas a serem resolvidos, um milhão de pessoas com quem a gente tem que brigar e passagens em sala que ninguém escuta, nem dá atenção e manifestações que chegam a ser risíveis aos dirigentes e ... ... ... ... ... ... 

E não é que eu esteja desistindo. Não é mesmo. Porque meu ânimo se reacende por qualquer coisinha. Mas até essa coisinha não existe.

Eu não quero deixar minha cama e meu Rosa num dia nublado para passar tinta na cara de gente. Eu fiz isso ano passado, mas só fiz porque tinha interesse sexual por uma das pessoas que iam estar lá. (Ah, e se você riu disso é porque tem também)

("Ah, mas eu fui, porque eu acredito nos calouros e blablabla." Parabéns pela sua fé, então.)

Aliás, grande parte da minha presença em atividades do C.A. foi motivada por interesse sexual, afetivo ou intelectual. Porque eu sou muito carente (outra coisa que eu não acho errada, nem feia, nem tenho vergonha). E o C.A. era o único lugar onde eu me encontrava na faculdade.
ERA.
Porque eu já não sei se me encontro mais.
Aliás, eu vou pro COBREM e aquilo no que mais penso é que vou reencontrar um amigo lá. Vou pro COBREM mais por uns abraços de alguém que eu gosto e algumas horas de conversa do que por discussões propriamente ditas. Porque eu já percebi que elas ou são repetidas, ou vão ser esquecidas em breve. 

(Nossa, que belo exemplo pros mais novos, que belo incentivo à tão falada transitoriedade!)

Meu desejo de mudança existe.
Mas não resiste.
Não resiste ao meu desejo de vida.
(Por mais carcomida que seja)
Não resiste a tanto tempo.

Eu troco qualquer discussão importantíssima sobre política por um minutinho que seja com uma pessoa que eu goste. 

Política não dá prazer ao meu corpo. Não me toca, não me alimenta. Não me seduz.
Pelo menos não agora. Eu não sei como vai ser amanhã ou depois.

E não, a faculdade de medicina também não me seduz, na maioria das vezes. E no entanto eu continuo indo, né? Olha, que contradição! Olha que contradição a falta de opção.

É assim que eu me sinto. E eu tenho certeza que não sou a única.
E achei melhor responder logo, assim que li, porque sei que não responderia se deixasse o tempo passar.
E, se respondesse, acabaria enchendo o texto de hipocrisias. E eu já estou cansada de todas elas.
Eu já quis dizer isso muitas vezes, mas sempre acabava pensando: seria praticamente uma carta de saída do C.A. Mas, enfim, eu já escrevi isso tudo, foda-se, e só falta clicar em ENVIAR. 

"Personne ne prend au sérieux à 19 ans."

Ah, e eu não vou mandar um ABRAÇÃO OU UM XERÃO BEM GRANDE pra ninguém. Porque eu não acho isso real, tantos abraços e tantos beijos quando na verdade tá todo mundo cortando uns aos outros ou se escondendo pra não falar o que realmente pensa. 




(Pronto, agora só falta colocar isso como resposta ao e-mail-bombardeio da Camilla.)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sempre faltou alguma coisa pra eu entender essa imagem. Agora ela parece tão clara...

domingo, 15 de janeiro de 2012



Eu percebi que eu te queria quando tu foste até a varanda e eu quis ir atrás de ti. E te beijar. E eu só tinha conversado contigo, a sós, por alguns minutos. Na minha vida.

Eu fiquei desejando isso - isso de te beijar na varanda - por três minutos e vinte e sete segundos. Era uma da Billie Holiday e eu não fiquei desejando isso por esse tempo aí. Eu ainda desejo, agora. Três minutos e vinte e sete segundos foi só o tempo no qual eu fiquei pesando o tempo. Três minutos e vinte e sete segundos segurando o tempo por argolas nos bicos dos seios e acompanhando a linha sanguínea vermelha, que fazia a contagem regressiva para mim.






Pareces tão suja...

Quem liga pra galinha?

Esquenta-se um ovo cozido
Para descascar um ovo quente
Acho que é isso

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sangue de Hilda Hilst tem poder!

INCRÍVEL. INCRÍVEL!
INCRÍVEL, INCRÍVEL, INCRÍVEL.

Li "O caderno rosa de Lori Lamby".

TANTO PRAZER!

Hilda, só li esse livro seu, mas já digo: SUA GOSTOSA!

Ainda não tenho palavras...

Sobre lembrar que eu não presto

"Olhava a noite linda, estrelas, lua, e toda aquela maravilha não tinha a beleza da boceta de Corina."
(O caderno rosa de Lori Lamby)


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

(Este poema está em construção.)

Garoto, seu destino é me deixar vermelha
De sol, de vergonha, de barba

(Garoto, invente vermelhos em mim!)

Vermelho de sinal de trânsito que não quer fechar
Et le rouge des flamboyants



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Confesse que foi você

Hoje eu descobri que todo mundo peida
E que peidar juntos torna as pessoas mais íntimas
E - por que não? - mais unidas

Quantos relacionamentos humanos
Não foram vítima do excesso de sexo
E da ausência de peidos?

(Ou de beijos, ou de beijos)

Uma Campanha :)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Clarice me dá nojinho

Não tem como alguém legal não ser chato
Se alguém legal não me irritar de vez em quando
Suspeito de invasão alienígena

Como amar uma pessoa sem odiá-la?
Amigo mesmo, só depois da primeira briga
Eu tenho certeza que não suportaria nem um dia com os Fernandos Pessoas
Clarice, então? Nojinho dela!
Eu e a Adélia Prado, se ver é só pra brigar

Não quero paz
Quero conflito
Quero fogo
Gritos

Se a paz dura muito tempo, sinto que algo está muito errado
E forjo meu próprio conflito
Alguma coisa tem que queimar aqui dentro

Gaya me protegerá do fim do mundo

Me sinto uma personagem.
Me sinto minha personagem preferida de alguma série, livro, alguma coisa que eu mesmo faço.
Me sinto um escritor cujos livros eu leio.
Me sinto observador de um museu cujo artista sou eu.
Me sinto na minha estante, entre o Hans e o Dante
Me sinto uma flor na roseira que o eu mesmo plantou.
E se eu for aquele pássaro na janela e, de repente, sair voando?
Talvez eu esteja só sublimando
Talvez eu esteja alucinando
Tem um monte de bichinhos andando pelo meu quarto: Gaya, a terra de Aya.
Fiz meu próprio zoológico
Uma reprodução do meu habitat natural
Onde eu me sinto legal
Até sem tomar nada
Que eu tenho é pena de colocar os livros da minha cabeça no papel
Eu deixo meus bichinhos, os ayanos, todos soltinhos
Soltinhos pra beber meu uísque:
Que tá acabando e só podem ser eles - eu nunca bebo!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"Você fica tão bonita de roupa!"
Disse a mãe da menina (de 19 anos) que sempre fica só de calcinha em casa.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O grande livro da minha infância


Da bibliotequinha do Hospital Albert Sabin. 
Lembro-me de acordar no meio da noite e pedir pra minha mãe ir buscar esse livro. E eu passando as páginas com minha mãozinha furada de soro. Eu queria fazer biscoitos de quebrar queixo de criança. Colocar uma ferradura de 7 furos na porta dá uma sorte danada. Como eu amo as bruxas... 
Ah, suíte-rorte com frigobar, interessante e equilibrada ao mesmo tempo? É pedir demais ao papai do créu.
Tem tanta coisa na minha cabeça que eu me sinto capaz de dormir, acordar e escrever um livro.
Viver é perigoso...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Não quero terminar este poema

As dobras dos meus joelhos estão em carne viva
E pedaços da carne estão nas minha unhas
Porque eu tinha que me ferir

O mundo está todo em cacos
Meu mundo está todo em pó dos cacos do mundo
Que eles usam pra fazer café e tomar ao som de um qualquer da bossa-nova

As palavras são letras
E letras tem natureza
Que muda com a paisagem

Mas agora eu
Se o meu amor fosse uma torneira
Eu deixaria pingar
Até encher a pia
E a paciência de alguém

E se alguém gritasse
“fecha essa droga”
eu diria, pacientemente,
“meu amor, isso foi a gota d’água”.


(Lulina, tirando as palavras da minha gota.)