sábado, 10 de setembro de 2011

2 - Epidemiologia E Saúde Do Trabalhador

A disciplina na faculdade trata de saúde do trabalhador.
Me pus a pensar sobre os riscos e danos a que estão sujeitos os poetas.
A começar pelos anos de contribuição: Cecília Meireles diz que escreve desde os nove anos. Aposentadoria aos 34? E o Rimbaud, que só escreveu durante quatro anos? Valeria a pena pedir a contagem desses anos pela previdência?
No entanto, os riscos da profissão são tantos que alguns morrem antes de poder usufruir da aposentadoria... Maiakovski, coitado, se matou com um tiro no peito, aos 37 anos, fazendo poesia até na hora final, rapaz trabalhador.
A Florbela Espanca, bichinha, se matou aos 36 anos, no dia do aniversário.
Em Fernando Pessoa caberia a classificação "acidente de trajeto", uma vez que o apego ao etílico pode ser claramente vinculado ao labor poético.
(E Virginia era poeta sim, nem venham.)

Só poetas estrangeiros até agora, do que tira-se que os brasileiros, ou sofrem a longo prazo, ou são mais resistentes à dor. Os daqui são mais longevos, ao menos os daqui da minha estante. Morrer de tuberculose não conta! (Manuel Bandeira até muito se aproveitou da tuberculose em sua produção). Drummond, Manoel de Barros, Vinícius, Cecília, Adélia... Todos velhinhos. Velhinhos de angústia intratada, intratável (sim, eu mesma comprovo). É um risco assumido em trabalhar com romantismo, profissão antiga, bonita. Não sei se se escolhe. Parece eu, que faço medicina por puro romantismo. Parece que vale a pena. Não sei mais se há algo que valha uma pena. Um poema vale uma pena.

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